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Atendimento Ginecológico às Pacientes Homossexuais

            Desde a década de 80, o Ministério da Saúde vem adotando estratégias para o enfrentamento da epidemia do HIV/AIDS e para isso, contou com a parceria dos movimentos sociais vinculados a defesa dos direitos da população de LGBT. O posterior reconhecimento da complexidade da saúde de LGBT exigiu que o movimento social articulasse estratégias juntamente com outras áreas do Ministério da Saúde ampliando o conjunto de suas demandas em saúde, culminando com a construção da Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais em 2010. A construção desta Política representa esse novo momento, resguardando as especificidades de lésbicas, de gays, de bissexuais, de travestis e de transexuais no que diz respeito ao processo saúde-doença.

            Mulheres lésbicas, muitas vezes, passam despercebidas nos serviços de saúde. A identificação da orientação sexual lésbica e bissexual nos serviços não ocorre através de abordagem direta às mulheres nas consultas. As mulheres que não correspondem a essa identidade de gênero atribuída ao masculino não são percebidas como lésbicas e, sendo invisibilizadas, suas demandas específicas não são identificadas. Isso corrobora idéias de que mulheres lésbicas não estão sujeitas a transmissão de DST/AIDS e não é preciso realizar orientações específicas como o uso de métodos de barreira ou outras. Essa crença na proteção às DST/AIDS parece estar ancorada na idéia que o sexo entre mulheres não é sexo por supostamente não ter penetração e em decorrência disso não teria o risco de contaminação. Ainda, práticas de prescrição quase automática de pílula para as mulheres lésbicas partem do pressuposto de que a vida sexual ativa de todas as mulheres é heterossexual ou ligada à reprodução.

            Estudos mostram que esse público procura menos o atendimento ginecológico por constrangimento ou receio de sentir dor durante o exame ginecológico e não se sentir compreendida diante de suas necessidades, sendo de fundamental importância o estabelecimento da relação médico-paciente livre de preconceitos e discriminações, pois as mulheres homo e bissexuais precisam realizar os exames da rotina ginecológica da mesma forma que as pacientes heterossexuais, contudo de acordo com as suas especificidades. A mulher precisa se sentir acolhida e ter a certeza de estar frente a um profissional pronto para atendâ-la, orientando quanto a importância do exame ginecológico, higiene adequada dos acessórios, possibilidades de gestação e formas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (IST`s) e HIV.

            No que diz respeito ao fatores de prevenção das infecções sexualmente transmissíveis, não existem métodos especificamente pensados para o sexo lésbico. As IST `s podem ser transmitidas pela penetração, sexo oral e pelo contato da mucosa. As formas alternativas, como cortar camisinhas ou uso de luvas cirúrgicas para proteger a vulva são incômodas e nada práticas. A camisinha feminina protege apenas o canal vaginal e não a área externa da vulva. Medidas como higiene adequada dos órgãos genitais e manter as unhas aparadas são importantes como fator de proteção, além da higienização dos acessórios e brinquedos sexuais antes e após o uso.

Algumas medidas de proteção que podem ser adotadas são pelo casal são:

TROCA DE EXAMES: Converse com a sua parceira e pergunte se os exames estão em dia. Mostre seus exames a ela. Essa é uma das formas mais seguras de evitar as ISTs.

– CAMISINHA NO DILDO/ VIBRADOR: Sempre que for usar um acessório com a parceira use camisinha e troque toda vez que a outra for usar.

– LUVA: Utilize luva na penetração com o dedo, caso o esteja machucado ou com ferida.

– CAMISINHA CORTADA, PLÁSTICO FILME OU DENTAL DAM: Para sexo oral ou contato entre vulva pode ser uma estratégia que cria barreira de proteção.

Fique atenta:

            Olhe para sua vulva e observe se tem alguma verruga ou outro tipo de lesão como pequenas feridas, lesões ulceradas, entre outras alterações. A presença dessas lesões ou verrugas aumentam o risco de transmissão da doença. Além disso, mulheres que tem relações sexuais com outras mulheres precisam fazer sorologia e exames de rotina ginecológica, portanto mantenham seus exames em dia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

  1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Brasilia, 2010.
  2. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Atenção Integral à Saúde de Mulheres Lésbicas e Bissexuais. Relatório da Oficina Atenção à Saúde de Mulheres Lésbicas e Bissexuais realizada em Brasília de 23 a 25 de abril de 2014.

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