A candidíase é um problema de saúde que a maior parte das mulheres enfrenta em algum momento da vida. Apesar de ser muito comum, muitas pessoas ainda sentem timidez ou receio de falar sobre o assunto e, por isso, não tiram suas dúvidas com o médico e acabam apresentando o problema mais vezes.
Existe ainda a candidíase de repetição, que é quando a infecção se manifesta diversas vezes na mesma mulher. No texto de hoje, falaremos sobre esse problema de saúde, suas causas, tratamentos e prevenção. Acompanhe!
O que é a candidíase de repetição?
A candidíase é uma infecção vaginal causada pela Candida albicans, um fungo que vive no intestino e no canal vaginal das mulheres. Existem outras quatro espécies, todas não albicans: krusei, tropicalis, glabrata e parapsilosis. Para o tratamento adequado é necessário saber qual o gênero afetou a paciente, isso se dá com um exame para identificar tipos de fungos.
Normalmente, esses fungos vivem em harmonia com as outras bactérias da flora vaginal, mas, devido a alguns desequilíbrios, pode se multiplicar além do normal e causar a doença.
Os sintomas da candidíase são:
- coceira na vulva e dentro da vagina;
- ardência ao urinar;
- dor durante a relação sexual;
- vermelhidão na área da vagina;
- corrimento vaginal branco e espesso.
Algumas mulheres acabam apresentando a candidíase de repetição ou recorrente, que é definida como 4 ou mais episódios de candidíase em um ano.
A maior parte dos diagnósticos de candidíase se dá por meio do exame físico realizado pelo médico ginecologista. Nesse exame, a vulva apresenta-se avermelhada, os pequenos lábios estão inchados e há pequenas fissuras na entrada no canal vaginal, além da presença do corrimento da parede vaginal.
Quando há dúvida sobre o diagnóstico, pode ser feita a coleta do material vaginal para posterior análise em laboratório, em busca da visualização dos fungos no local.
Quais as causas do problema?
Existem diversos fatores que estão associados à candidíase de repetição. Normalmente, as causas da candidíase normal se somam a outras questões de saúde da mulher, fazendo com que a infecção se repita. Listamos abaixo as principais causas.
Alimentação rica em açúcares e doces
A presença no sangue de altos níveis de glicose, molécula proveniente da quebra de carboidratos e doces, altera o pH da vagina, deixando o ambiente mais ácido e propício para a proliferação da cândida. Além disso, a glicose serve também como alimento para o fungo.
Diminuir a ingestão desse tipo de alimento ajuda a prevenir a ocorrência da infecção, principalmente em mulheres com diabetes. Os alimentos a se evitar são:
- doces e balas em geral;
- refrigerantes;
- massas e pães;
- produtos industrializados adoçados.
Uso de hormônio
O uso de hormônio, presente nos anticoncepcionais ou na terapia de reposição hormonal, também é uma causa do surgimento de candidíase. O estrogênio, principalmente, aumenta a circulação sanguínea na região vaginal, tornando o local mais quente e úmido.
Além disso, altos níveis hormonais também alteram o pH da vagina. Todas essas alterações aumentam a chance do desenvolvimento da infecção.
Uso de antibióticos
Os antibióticos de largo espectro (medicamentos que atingem grande número de microrganismos nas doses terapêuticas) podem desorganizar a flora vaginal, matando algumas das bactérias “do bem” que vivem no local. Essa mudança na flora causa um desequilíbrio que pode contribuir para o aparecimento da candidíase.
Isso acontece porque o fungo passa a ter um ambiente propício para se reproduzir, já que não compete mais por espaço e alimento com as outras bactérias.
Deficiência imunológica
O sistema imunológico é um dos responsáveis por manter o equilíbrio da flora vaginal. Por isso, a queda da imunidade é um dos principais fatores que levam ao aparecimento da candidíase, tanto a comum como a de repetição.
A baixa na imunidade pode ser temporária, como no caso do uso de antibióticos ou medicamentos imunossupressores, ou de longo prazo, como em pessoas com diabetes descompensada ou portadoras do vírus HIV.
Excesso de praia ou piscina
Viajar para áreas com praia e piscina ou nadar diariamente pode auxiliar na proliferação de fungos. Isso acontece porque quando a mulher fica com a mesma calcinha molhada por muitas horas, aquele se torna um local quente, úmido e abafado, o lugar perfeito para a reprodução de fungos.
Outro ponto comum de acontecer é o uso da mesma calcinha de biquíni por vários dias, o que também contribui para o aparecimento de fungos. O ideal é trocar o biquíni por uma calcinha seca ao longo do dia e optar por usar diferentes roupas de banho pelo período da viagem.
Lembre-se sempre de chegar em casa ou hotel e tomar um banho e trocar de roupa imediatamente para diminuir as chances de desenvolver candidíase. Aproveite e coloque a calcinha do biquíni para secar logo em seguida, dessa maneira, caso precise repetir a roupa de baixo, ela estará seca.
Cuidados com a roupa íntima
Os cuidados com a roupa íntima também podem gerar problemas. Isso porque quando não higienizados de maneira correta, as calcinhas podem se tornar o local ideal para a proliferação de fungos.
O recomendado é que a peça seja lavada no chuveiro durante o banho, pois a água quente ajuda a matar fungos e bactérias. Porém, não deve secar no banheiro que é úmido, o certo colocá-la para secar em um varal na área externa. Para a lavagem, existem sabonetes desenvolvidos especialmente para lavar peças íntimas na ducha e que ajudam na higienização das calcinhas.
Caso a pessoa opte por lavar na máquina, é indicado que se use sacos próprios para roupas íntimas, evitando que as peças entrem em contato com bactérias de outros tecidos.
Outro ponto é o tipo de tecido do item, cada mulher produz uma quantidade de umidade, por isso, deve-se escolher o pano mais adequado para a sua situação. Na hora de dormir é aconselhado que durmam sem a peça, para aumentar a ventilação na região.
Estressores para o corpo
A saúde emocional têm muita influência sobre a saúde física, de forma que, muitas vezes, o corpo vê diversos fatores como estressantes para o organismo, mesmo que sejam comuns no nosso dia a dia. O estresse pode influenciar no aparecimento e na repetição da candidíase, principalmente porque desregula o sistema imunológico.
Os fatores estressantes podem ser:
- falta de sono;
- exercício físico extenuante;
- questões emocionais difíceis, como ansiedade, raiva e tristeza.
Qual a relação com as ISTs?
A candidíase de repetição não é considerada uma Infecções Sexualmente Transmissível. Porém, quando a mulher está infectada por alguma IST como clamídia, gonorreia e herpes genital, elas deixam o sistema imunológico frágil e propenso ao desenvolvimento de novas doenças. É por isso que, muitas vezes, as pessoas acabam relacionando a infecção com outras enfermidades.
Apesar de a candidíase não ser considerada uma IST é importante lembrar que ela pode ser transmitida por meio de relações sexuais desprotegidas. Por isso, para a prevenção é recomendado o uso de camisinha (feminina ou masculina) sempre que houver qualquer tipo de contato íntimo.
Como é feito o tratamento?
O tratamento para a candidíase de repetição precisa ser mais agressivo que o tratamento feito para a infecção comum, de forma a garantir que a mulher fique livre do problema. É preciso ter paciência e constância para que a terapêutica realmente funcione.
Enquanto o tratamento comum pode ser feito com uma dose única de medicação, a candidíase de repetição exige cuidado por meses. O médico ginecologista é o responsável pelo diagnóstico e acompanhamento desse quadro, por isso, o primeiro passo é sempre procurar um profissional de confiança.
O tratamento medicamentoso é feito com o uso de um comprimido de fluconazol por semana por 6 meses. Esse medicamento, um antifúngico oral, pode ser aliado a técnicas alternativas, como:
- banhos de assento com bicarbonato de sódio;
- homeopatia;
- uso de camomila, alho, óleo de coco.
Além disso, o ginecologista deve também fazer um entrevista completa a fim de descobrir os fatores predisponentes relacionados à mulher, a fim de identificar quais hábitos precisam ser mudados. Esses fatores incluem:
- hábitos alimentares;
- prática de atividade física;
- higiene;
- vestimenta;
- estado emocional;
- outros hábitos de vida.
Caso o tratamento para candidíase não seja seguido de maneira correta e pelo tempo indicado, pode surgir outro tipos de doenças e infecções. Por isso, é extremamente importante que a paciente siga as recomendações do médico e evite fatores de risco que podem piorar o problema.
Como se prevenir?
Existem ainda algumas formas de prevenir a candidíase de repetição e a infecção comum, que devem ser feitos também durante o tratamento. As principais dicas de prevenção são:
- utilizar antibióticos apenas com indicação médica;
- ter uma alimentação balanceada, sem exagero de leites e derivados, açúcares e doces;
- evitar ficar por muito tempo com biquínis ou roupas molhadas, que aumentam a umidade na região, tornando-a mais propícia para o fungo;
- preferir calcinhas com tecido de algodão e evitar peças muito justas;
- procurar dormir bem e reduzir o estresse diário;
- após evacuar, sempre realizar a limpeza “da frente para trás”, e nunca ao contrário;
- fazer uso de camisinha sempre que tiver relações sexuais;
- praticar exercícios físicos, que ajudam no fortalecimento da imunidade.
Mesmo sendo um problema de saúde comum, o ideal é que sempre o médico ginecologista faça o exame, pois é ele quem fecha com certeza o diagnóstico clínico. Isso é ainda mais importante no caso da candidíase de repetição, pois a infecção costuma estar relacionada a outras questões de saúde, que podem ser mais bem acompanhadas pelo especialista.
Fonte: https://blog.partmedsaude.com.br/candidiase-de-repeticao-entenda-o-que-e-e-como-se-prevenir/